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Diálogo entre fé e razão, por Urbano Zilles

Diálogo entre fé e razão, por Urbano Zilles*

A toda hora, a mídia informa conflitos permanentes entre países e culturas, com invocação de Deus para justificar a violência, ataques à dignidade de pessoas e seus direitos, e abusos de poder contra a liberdade religiosa. Não raro, tais fenômenos ocultam um conflito entre expressões de caráter parcial da razão, e expressões pouco racionais da fé. Isto deveria acordar os intelectuais a refletir sobre a relação entre fé e razão, que não é um problema restrito à Igreja Católica, mas da sociedade global.

Em diversas ocasiões, o papa Bento XVI apontou a necessidade de buscar um acordo para os fundamentos de uma ética universal. Quando ainda cardeal, na presidência da Congregação para a Doutrina da Fé, já pedia a colaboração das universidades para esse tema importante e urgente. Será difícil uma sociedade global e multicultural, sem um acordo sobre os pontos de convergência para um convívio harmonioso.

As conquistas da tecnociência derrubaram muitos muros que separavam povos e culturas. Entretanto, falta construir as pontes entre fé e razão, entre culturas e religiões. Esse projeto deverá ser coletivo, sob a iniciativa dos líderes religiosos, governantes e intelectuais. O critério talvez deva ser o da ação: uma clara aposta a favor da razão e sensatez frente à força, bem como uma firme determinação em prol do diálogo frente ao conflito.

Há valores universalmente reconhecidos, próprios da cultura ocidental, que nasceram do cristianismo, tais como: justiça e solidariedade, liberdade, igualdade, paz. Poderia alargar-se essa base, através de um consenso racional, para princípios inegociáveis, como a vida, a família, a educação. Caberia às universidades esclarecer esses postulados de modo a serem aceitáveis, como no caso dos anteriormente citados. O desafio colocado às universidades seria mostrar como a lei natural protege os mais fracos (crianças, doentes, idosos) da ganância do poder, do abuso dos cientistas quando os querem usar simplesmente como objeto de experimento. Os valores de uma tradição não se mantêm simplesmente por serem desta ou daquela religião, mas por serem os melhores possíveis para os cidadãos do mundo.

*Monsenhor, diretor da Faculdade de Teologia da PUC-RS, professor e pároco da Paróquia Maronita Nossa Senhora do Líbano.

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