Caipira, o que é? Definição, principais características e cultura caipira
O termo caipira representa a palavra de origem tupi,
"caapora", que significa "morador do mato", homem do
interior conhecido pelos causos.
Cercado por preconceitos, o termo caipira está no imaginário
das pessoas como uma figura desprovida de informação, que vive isolada ou longe
de todos os meios tecnológicos do mundo moderno. O termo, na verdade,
representa a palavra de origem tupi, “caapora”, que significa “morador do mato”.
Dessa forma, a cultura caipira representa uma parte
fundamental da identidade do Brasil. Algumas definições mais recentes do termo
caracterizam o caipira como os cidadãos que moram no interior de São Paulo.
Porém, é possível encontrar características semelhantes em Minas Gerais, Goiás
e Mato Grosso.
Antes mesmo que os meios de transporte e comunicação
interferissem no modo de vida das pessoas, os caipiras possuíam uma identidade
própria.
Além disso, cultivavam costumes e cultura característica de
um povo alegre e conhecido, principalmente, por contar histórias. Nesse
sentido, a história oral é um dos pontos mais marcantes da cultura caipira,
conhecida como causos.
Característica
da cultura caipira
Alguma vez
você já ouviu o termo caipira sendo utilizado como forma de
desprezar alguém? Provavelmente, sim! Isso porque, a palavra possui significado
pejorativo, principalmente, para as pessoas que vivem em grandes centros
urbanos.
Geralmente, utilizam o termo para designar alguém tímido, desprovido de
informação ou algum tipo de refinamento.
Representação
do homem caipira, por Almeida Júnior.
Com certeza,
o termo é utilizado como forma depreciativa justamente porque a história do Brasil tenta excluir o passado rural do país.
Isso se dá,
principalmente, por conta das influências europeias no país, devido à colonização. Com a chegada dos
portugueses ao Brasil, o modo de vida, as formas de pensar
e agir do povo mudou.
Quando se
fala em cultura caipira, é impossível não destacar aspectos como o cafezinho
coado no coador de pano, bem como o leite tirado da vaca, os biscoitos e pães
de queijo feitos com produtos da fazenda. São características que, apesar de
tudo, resistem ao tempo e às pessoas que insistem em apagar a cultura do passado.
É quase
impossível negar que a industrialização, a massificação da cultura, a
globalização e a revolução não tenham afetado a cultura caipira. Porém, apesar
de todas as formas de invisibilização, a cultura e identidade permanecem vivas.
Neste caso, os processos de mudança fazem parte da transformação e resistência
de um povo.
Diferente do
que os modos de produção capitalista propõem, os caipiras vão contra
movimentos, como o do agronegócio, e desenvolvem a sustentabilidade, por
exemplo.
Neste caso,
é possível ver movimentos voltados para a agroecologia, que focam na produção
da agricultura de subsistência. Nesse sentido, diferente do que muitos pensam,
os caipiras fazem um modelo de economia e produção que, de primitivo, não tem
nada.
História
viva é história contada
Sentar na
porta de casa, numa rodinha de amigos. Velhos, crianças e jovens, todos se
misturam para contar os causos. As casinhas, feitas de barro batido e
pau-a-pique, cobertas de palha ou sapé, são cheias de cor e decoradas com
fuxicos. Nas camas, as colchas de retalho ou de crochê. Essas são algumas
características presentes na cultura caipira, até o século 20.
A
globalização e a industrialização em massa mudaram a forma de vida e os
pensamentos, mas ainda sim é possível encontrar viva a cultura rural no Brasil.
Além do interior de São Paulo, estados como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso
ainda cultivam traços que resistem ao tempo e às mudanças. Neste caso, são
mudanças que transformaram uma cultura, mas que a deixaram ainda viva para muitos.
A cultura
caipira se assemelha ao que é visto no sertanejo da caatinga ou, ainda, no
vaqueiro do pantanal, no caboclo da Amazônia e no gaúcho.
Uma das
formas mais expressivas de representação da cultura caipira é pela música. Não
é a música sertaneja, muito menos o estilo cowboy americano. A música caipira é
conhecida como “música raiz”.
Outra forma
de resistência da cultura caipira é a não institucionalização da religião. Para
os caipiras, a Igreja não representa as regras institucionais propostas pelo sistema.
Ou seja, as manifestações religiosas acontecem sem que haja o intermédio de um
padre ou de qualquer figura ligada à instituição. Na religião caipira, aspectos
da cultura indígena e africana se misturam em rezas e festividades que ocorrem
anualmente, como, por exemplo, a Folia de Reis.
A música
na viola
Em síntese,
a música caipira é conhecida por expressar a vida do homem no campo, bem como o
contato com a natureza e a solidão do chamado caboclo.
A princípio, a música é um dos fatores que ajudaram a cultura caipira a
se manter viva. De forma geral, a cultura dos caipiras envolve uma mistura. É a
influência dos portugueses na religião e dos índios com a familiaridade com a
natureza. Além disso, características da cultura africana podem ser encontradas
nas músicas, nos ritos e nos mitos do homem caipira. A moda de viola, como é
conhecida a música caipira, também recebe o nome de música raiz.
Aliás,
Cornélio Pires, em 1929, foi o primeiro a investir em gravações de discos que
representam a música caipira.
Os primeiros
discos estavam repletos de músicas, causos e anedotas contadas pelos caipiras,
como os agricultores Ferrinho, Manduzinho, Olegário e Mariano. Além disso, eram
histórias que falavam sobre o homem do interior, além do cotidiano daquele povo
e da paisagem rural. De forma geral, foi Cornélio Pires que deu o impulso para
que a popularização da música caipira acontecesse.
Influências
transformando o som
Se antes a
música caipira era focada apenas em contar os causos do homem do interior, após
a Segunda Guerra Mundial, isso mudou um pouquinho.
Ou seja, a
música caipira ganhou influências de estilos europeus e as letras tornaram-se
mais românticas e melódicas. Apesar disso, os causos do homem do campo ainda
faziam parte das composições.
Nessa época,
algumas cantoras se destacaram, como as Irmãs Galvão, Cascatinha & Inhana,
Irmãs Castro e Palmeira & Biá. Nesse mesmo tempo, a dupla conhecida,
Milionário e José Rico, surgiu com uma música que possuía elementos da cultura
mexicana. Acrescentaram aos arranjos musicais os floreios de violino e o
trompete.
Representação na arte caipira
A figura do
caipira foi representada por Almeida Júnior em suas obras nas artes plásticas.
O artista criou figuras de caipiras em diálogos que expressavam o cotiado na
fazenda. Com isso, expressou na pintura naturalista a identidade brasileira, o
cotidiano e a vida nas fazendas do Brasil.
Já na
literatura, Monteiro Lobato foi o responsável por trazer figuras importantes,
como o Jeca Tatu. O personagem é do livro “Urupês”, publicado em 1918. Por
outro lado, no cinema, a figura do caboclo caipira pôde ser vista pelo ator e
diretor Amácio Mazzaropi.
Fontes:
Educação UOL, Scielo e Mídia Ninja
Imagens:
APOESC, Arquetípica, Periscópio Cidadão, Caos Cultural, Scielo e EBC
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